Boa tarde a todos.
O texto de hoje é meu.
Em memória de José Albuquerque, o Faísca!
Abraço do vosso amigo Aires - 1º Cabo 2625
Nas viagens que a CART.422 fazia ao Quitexe, tanto para se reabastecer de géneros como para receber a correspondência, aproveitávamos para vermos vários amigos militares de outras companhias que lá se deslocavam com o mesmo propósito e eu, particularmente, para rever o Lourenço do Ricardo e o Afonso Malta, ambos pertencentes à CART.421, bem como muitos outros das freguesias vizinhas da minha aldeia.
Numa dessas viagens, o Lourenço disse-me que tinha uma novidade! Tinha lá encontrado o José Albuquerque, ciclista vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta, que era mais conhecido por Faísca.
- Onde está ele?!?! - Perguntei com curiosidade.
O Lourenço levou-me a conhecer a celebridade no restaurante do "Gomes", que era onde comíamos e bebíamos até ficar "bem saciados".
Entramos e lá estava ele! Homem alto, corpo franzino, mas rijo como um cepo!
Metemos conversa...
Perguntei-lhe o que fazia em Angola e quais os motivos que o levaram a imigrar. A resposta não foi muito diferente das dos tempos de hoje. Que em Portugal a vida estava muito má e que não havia emprego e que com o ciclismo, em termos monetários, pouco ou nada tinha ganho.
Disse-me também que era tractorista na Junta Autónoma de Estradas Angolanas.
Perguntei-lhe então se não tinha medo de andar a abrir estradas em Zonas de Guerra.
- Tenho receio, sim. Não dos tiros porque ando sempre escoltado por militares, mas sim do Plastic!
- Plastic?!?! Mas que raio é isso?!?! - Perguntei.
- São as minas anti-carro - disse ele - já vi vários camiões andarem pelos ares! Maltido Plastic! - rematou o Faísca.
Depois desse dia, todas as vezes que ía ao Quitexe procurava o amigo Faísca! Bebíamos umas cervejas e conversávamos muito! Sentia da parte dele que me considerava um amigo também!
Quando a CART.422 deixou a zona de Zalala, despedi-me dele com uma lágrima no canto do olho.
Sempre que penso nele lembro-me daquela frase: Maldito Plastic!
Nunca mais o vi...
Sei que faleceu na década de 80 em Mangualde, sua terra Natal, vítima de atropelamento.
Espero que estejas em PAZ amigo Faísca!
Bela recordação registrada, para as gerações seguintes, chamo-me Eduardo José Reis de Albuquerque, sou neto do Faísca, o meu avô, nos tempos vividos em Portugal, teve família, meu pai: José Jorge de Albuquerque, filho do Faísca, entre as décadas de 70 e 80, veio morar no Brasil, onde conheceu minha mãe e por aqui, somos em 3 irmãos, meu pai, José Jorge de Albuquerque, faleceu vítima de cancer em 12/1987. Em 2009, encontrei outros irmãos, por parte do pai, que vivem em Portugal e desde então mantemos contato via internet. Obrigado por compartilhar tuas lembranças com relação ao grande ciclista José Albuquerque - Faísca. Grato.
ResponderEliminarEmail: eduardojrdealbuquerque@outlook.com
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